sábado, 28 de abril de 2012

Quinta do Cabriz Reserva 2008

Seguidores de Baco,

O vinho de hoje é mais um Reserva Português... O Quinta do Cabriz Reserva 2008 . Produzido pela Global Wines/Dão Sul, mesma produtora do Quinta do Cabriz que já é um vinho equilibrado e honesto. A Global Wines/Dão Sul possui também um projeto no Vale do São Francisco com os vinhos da Rio Sol. Esse produtor tornou-se uma grande referência na melhoria de qualidade dos vinhos do Dão e isso está plenamente representado no Quinta do Cabriz Reserva.

O vinho é um corte das castas Alfrocheiro (uma das melhores castas tintas do Dão) , Touriga Nacional( uma das castas portuguesas mais conhecida e elogiada) e Tinta Roriz ( a conhecida Tempranillo).


Uma das coisas que mais tem me chamado a atenção é a real disparidade de qualidade entre os vinhos de combate portugueses e os vinhos denominados Reserva. É real a diferença que se nota entre os vinhos e vale a diferença que se paga.  Isso que estou falando é facilmente notado em três vinhos: Rapariga da Quinta, Quinta do Cabriz e Tapada do Fidalgo. Faça as comparações entre os vinhos de combate e os Reserva e veja você mesmo a enorme diferença.

Avaliação do Vinho:

Na Boca: Encorpado, enche a boca. Boa acidez, taninos educados, muita fruta, com um toque mentolado no finalzinho e sem amargor.
No Nariz: Complexo - morango, cereja, um pouco de madeira e café torrado.
No Olho: Curtas, mas numerosas lágrimas. Rubi intenso.

Muito bom / Excelente... Está em boa forma, mas acho que mais uns anos em adega só iriam somar.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Como hoje é quinta ... Rapariga da Quinta!!!

Seguidores de Baco,



Como hoje é quinta ... Rapariga da Quinta!!! Tá bom, eu sei que quinta na terrinha não se refere ao dia da semana, mas sim a uma propriedade agrícola que corresponde ao que aqui chamamos de sítio e também que rapariga significa menina... moça, mas o trocadilho foi legal vai!!!! Momento de grande inspiração hehehehe.

O vinho escolhido para provarmos juntos hoje foi o Rapariga da Quinta Reserva 2009 da região do Alentejo. Feito com Alicante Bouschet (Casta originária da França, surgida do cruzamento entre a Petit Bouschet e a Grenache que foi prontamente adotada pela região do Alentejo desde 1900), Aragonez e Touriga nacional. Um trio muito feliz, que neste vinho demonstra todo seu potencial e o cuidado que o renomado enólogo Luís Duarte tem com seus vinhos.
Não é para menos já que as safras de 2008 e 2009 ganhou 94 pts da Wine Spectator.

Avaliação:

Na Boca: Encorpado, boa acidez e taninos equilibrados. Terroso, cereja em compota... alcaçuz. Excelente persistência.
No Nariz:  Bastante complexo. Terra molhada, baunilha, couro, cereja em compota, alcaçuz... Formidável!
No Olho: Lágrimas curtas, mas persistentes. De um púrpura intenso.

Um vinho excelente.





quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Polêmica da Salvaguarda dos Vinhos Brasileiros

Seguidores de Baco,

Venho através desta, tratar de um assunto bastante em voga na atualidade do mundo dos vinhos: a salvaguarda dos vinhos brasileiros. Mas, primeiro, vamos entender do que se trata.



O que seria a salvaguarda?
Um grupo de produtores gaúchos recorreu ao governo federal solicitando a salvaguarda do vinho nacional. Esse grupo de vitivinicultores alega que é impossível competir com os vinhos estrangeiros devido às facilidades que eles possuem para entrar no país e solicitam a implantação de cotas mínimas de importação por país, ou seja, a limitação da entrada dos vinhos estrangeiros.

Fatores atuais do mercado
Segundo reportagem da Folha de São Paulo publicada no dia 28/03, a tributação média dos vinhos brasileiros é de 54,73% e a do vinho importado fica em 74,7% com exceção dos vinhos do Mercosul que são parecidas com a dos vinhos nacionais. O Panorama atual mostra que cerca de 50% do mercado nacional de vinhos finos é tomado pelos vinhos do Mercosul, enquanto o Brasil possui uma parcela de 20% e os demais países o percentual restante. Algumas vinícolas já se posicionaram contra a salvaguarda como a Salton, Cave Geisse, Adolfo Lona e a vinícola Angheben. Em recente visita ao vale do São Francisco também tive o prazer de conhecer o diretor da vinícola Rio Sol, o animado João Santos, que também se mostrou contra as medidas de salvaguarda, mas a favor da diminuição dos tributos sobre os vinhos nacionais e criação de incentivo aos produtores. Além disso muitos restaurantes também vêm abolindo os vinhos nacionais de suas cartas. A verdade é que dos 91,9 milhões de vinhos finos comercializados no país em 2011, apenas 21,2% eram nacionais e desde de 2005 a média de comercialização do vinho brasileiro anda estacionada. Se essa tendência continuar corremos o sério risco de acabarmos com o vinho fino nacional.

E qual seria a solução?
Em minha humilde opinião como interessado em tudo que rodeia o mundo dos vinhos, acho a medida de salvaguarda uma solução simplista e imediatista que não irá resolver o problema da vitivinicultura nacional e sim proporcionar um momento de descanso e comodismo para alguns poucos produtores dominantes do nosso vinho. A medida da salvaguarda fere minha visão de liberdade já que poda de alguma maneira o nosso poder de escolha de apreciar o vinho que quisermos. O Brasil e, infelizmente, nós brasileiros temos o terrível costume de maquiar nossas deficiências e de transferir a culpa. Para mim existem medidas que, se implantadas, seriam muito mais eficientes na ajuda ao mercado de vinhos nacionais.
Tais como:
Primeiro ponto nosso país tributa os vinhos como supérfluo ao contrário de países europeus que os tributam como alimento, fazendo assim com que os impostos caiam e que o custo de produção e comercialização sejam reduzidos. Acho que esse seria o primeiro grande ponto.
O segundo ponto seria termos consciência de que temos que investir no que fazemos de melhor como espumantes e algumas variedades de tintos e brancos deixando de insistir em tudo que aparece e atirando para todos os lados. O vinho brasileiro aumentou os investimentos na qualidade de produção e pesquisas e isso é notadamente visto em nossos espumantes que vêm ganhando destaque internacional.
O terceiro ponto que vejo extremamente necessário é um maior investimento em divulgação e abordagem do vinho brasileiro que atualmente se encontra perdida. O vinho não se faz somente na vinícola, existe todo um trabalho que deve ser feito na divulgação, distribuição e diretamente no ponto de venda... o vinho nessa segunda etapa deve ser melhor trabalhado.

Enfim, sou a favor do amadurecimento da vitivinicultura nacional e fã de alguns vinhos e espumantes da mesma, mas acho que a medida de salvaguarda inconcebível. Fere nosso direito de escolha e se for aprovada e surtir algum efeito este não será a longo prazo. Espero que os produtores e nossos representantes consigam enxergar o verdadeiro problema e que tomem as medidas necessárias antes que o tiro saia pela culatra. Já imaginou quando não apenas os restaurantes, mas também uma grande rede de supermercados resolver tirar o vinho nacional das prateleiras?